QUEM É O PROFESSOR?

Doutor e Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor-Pesquisador da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). / Doctor and Master in Applied Linguistics and Language Studies. Professor and Researcher at the Federal Technological University of Paraná (UTFPR), Brazil.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ensino, aprendizagem e desenvolvimento em sala de aula? Saber o que é para saber fazer! Fazer para saber o que é!

Quando o assunto é a interação professor-aluno em sala de aula, falamos com grande frequência de ensino e de aprendizagem. Estranhamente, falamos muitas vezes também de ensino como se este pudesse existir sem a aprendizagem que dele deve resultar e desta como se ela não fosse, por sua vez, dependente daquele. O fato é que o verdadeiro ensino e a verdadeira aprendizagem em sala de aula não se separam e juntos não esgotam a complexidade do momento em que o professor e seus alunos se encontram para interagir, pois – articulado com o ensino e a aprendizagem – deve haver o desenvolvimento.

Mas o que vem a ser o desenvolvimento? E o que é o ensino? O que é a aprendizagem? É comum falarmos das coisas sem termos delas uma necessária clareza, por mais óbvias que possam parecer. É por isso que perguntas do tipo “o que é tal coisa?”, quando feitas com seriedade e compromisso com a busca de respostas, costumam ser um tanto perturbadoras e difíceis de responder de bate e pronto. Antes de tudo, para definir desenvolvimento, é preciso dizer que ele pode ser pensado a partir de dois níveis: um real e outro potencial.

O nível de desenvolvimento real (NDR) se constitui daquelas atividades que os alunos conseguem realizar sozinhos, sem a ajuda do professor. Nesse caso, o professor é justificadamente dispensável... Já o nível de desenvolvimento potencial (NDP) se define com base naquelas atividades que os alunos só conseguem realizar com a ajuda do professor. Nesse outro caso, o professor se torna indispensável e é por isso que os alunos vão à escola para encontrá-lo! A distância entre esses dois níveis é chamada zona de desenvolvimento proximal (ZDP), ou seja, uma “região” de aprendizagem geradora do “próximo” desenvolvimento, que só pode se efetivar a partir da conversão do nível de desenvolvimento potencial em nível de desenvolvimento real, em que os alunos se tornam capazes de fazer sozinhos aquilo que inicialmente só conseguiam fazer com a ajuda do professor.

O ensino vem a ser, então, justamente isso: um ato planejado e sistemático de o professor continuamente engajar e colocar seus alunos para realizar atividades que sozinhos são incapazes de realizar, ajudando-os a superar dificuldades e, com isso, a ser bem-sucedidos. Já a aprendizagem corresponde ao ato não menos planejado e sistemático de os alunos se engajarem na tentativa de realização das atividades propostas pelo professor, contando com seu auxílio ou mediação para ir além de suas possibilidades atuais. Assim, percebe-se que o ensino consiste em que o professor coloque seus alunos em constante situação de aprendizagem para que, com sua mediação, dela decorra o desenvolvimento discente, sendo este alternadamente ponto de chegada (NDP) e ponto de partida (NDR). Os alunos vão, assim, dando passos à frente, um após o outro.

A mobilização desses conceitos permite problematizar e discutir, a fundo e de vários pontos de vista, a prática de ensino concreta em sala de aula, tanto em condições “ideais” quanto em condições desfavoráveis, em que muitas vezes a indisciplina dos alunos, por exemplo, é a regra e não a exceção. Em minhas próximas postagens, me dedicarei a essa mobilização. Fica, desde já, o convite para que os leitores me acompanhem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário